“Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo, a tua vara e o teu cajado me protegem” 1 (Salmos 23:4).
De tão famoso, o Salmo 23 se faz conhecido até de quem não tem muita familiaridade com as Escrituras. Encontramos ele desde poetizado em canções à estampado em calendários dos meses do ano. De muito ouvi-lo, já não o considerava tanto. Quando o pregador pedia para abrir a Bíblia na sua referência, pensava dentro de mim, “de novo o Salmo 23”! Até que num momento de caos, trilhando um caminho escuro que eu não conhecia, deixei de apenas conhecer o salmo, para ser apresentada ao pastor dele.
Naquela época, essa passagem se tornou uma leitura constante que sempre me acolhia. E gostaria de compartilhar com você uma das coisas que aprendi com ela naquele momento e que mais me marcou.
Davi, o autor do poema, provavelmente usou da sua própria experiência para compor esse salmo, mas sabe, existe uma curiosidade interessante no trabalho de um pastor de ovelhas e que por ela podemos entender algo a mais sobre o verso 4 do salmo 23. Ovelhas são animais bastante temerosos. Isso acabava dificultando um pouco o trabalho de um pastor quando o rebanho tinha que fazer travessia de terrenos tortuosos, com vales e montanhas. Então, pastores orientais desenvolveram uma técnica interessante para ajudar às ovelhas passarem pelos os terrenos acidentados: eles começaram a cantar para elas. Sim, cantar!
E essa canção tinha um importante propósito. Eles iam guiando o rebanho e cantando, para que, aquelas ovelhas temerosas, pudessem ouvir a voz do seu pastor, e então se sentirem seguras. Assim elas saberiam que não estavam atravessando aquele vale cheio de buracos e perigos sozinhas.
Trazendo isso para mim, hoje, quando leio, “mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum”, me lembro que eu sou a ovelha, e o Senhor é o meu Grande Pastor! Ele também canta a sua Palavra para mim. Ele fala e deixa audível a sua Voz aos meus ouvidos para que eu consiga passar por terrenos tortuosos sem que o medo me paralise, ciente de que Ele está ali presente comigo e por isso estou segura.
Existe um grande paralelo entre o salmo 23 e João 10. Cerca de mil anos, após o salmista apontar para um Pastor excelente, a quem ele chamava Senhor, o próprio Jesus revelou sobre si mesmo: “Eu sou o bom pastor” (João 10:14), depois de dizer que “ele chama as suas ovelhas pelo nome e as leva para fora. Depois de conduzir para fora todas as suas ovelhas, vai adiante delas, e estas o seguem, porque conhecem a sua voz. (João 10:4).
Mas ainda que em meio ao vale, os ruídos assombrosos do caos que me cerca queira confundir os meus ouvidos da Voz daquele que com bondade e misericórdia me guia, e eu venha a errar o Caminho, Ele me assegura, “ quer você se volte para a direita ou para a esquerda, uma voz nas suas costas dirá a você: Este é o caminho, siga-o”. (Isaías 30:21).
Então eu te pergunto: você já parou para escutar hoje a Voz do seu Grande Pastor te guiando pelo deserto?
Por Jeane Chaves Ramos
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