O relato da jovem sendo escolhida por Deus para dar luz ao Salvador do mundo é uma das minhas narrativas bíblicas favoritas, e Maria uma das personagens femininas da Bíblia que mais têm minha admiração.
Mas, para além de toda magnitude que essa história traz, ainda há algo mais maravilhoso na missão entregue à Maria: era extraordinariamente comum.
Apesar de ser chamada para conceber do próprio Espírito Santo e dar luz ao Filho de Deus terem sido acontecimentos fora do natural e movidos pela ação divina, tudo não se resumiria somente a esses momentos sobrenaturais. A missão se entenderia também, ainda em maior parte, no viver diário de uma maternidade comum, com rotinas tarefas e desafios também comuns, e que provavelmente não era o tempo todo empolgante.
A Bíblia narra o momento em que Maria se dispõe à missão que o anjo lhe anuncia e mais algumas rápidas cenas de algumas outras situações que envolvem esse acontecimento. Depois a cortina se fecha e já nos deparamos com Cristo em idade adulta – com exceção do Evangelho segundo Lucas que escreve sobre a viagem de Jesus com seus pais à Jerusalém quando ele tinha 12 anos.
A questão é: a Bíblia não nos dá detalhes sobre o dia a dia de Maria sendo mãe, mas provavelmente não era muito diferente do meu. Dá banho, alimenta, põe para dormir. Troca fralda, acolhe o choro, dá colo, brinca, o ajuda a engatinhar, sentar, andar, falar...
Jesus veio em corpo humano. E assim como qualquer outro bebê, precisou ser acalentado e cuidado por sua mãe que em meio a tudo isso, se encontrava bem ali na repetição do cotidiano, na rotina do viver diário.
Apesar da história bíblica não narrar Maria exercendo sua maternidade diária, não quer dizer que o trabalho não posto em versos bíblicos não tinha valor ou não era importante. Na verdade isso nos leva a pensar sobre algo: é no secreto dos nossos lares, no cotidiano longe dos olhares expectadores do público, que estamos sendo moldados e treinados a verdadeiramente vivermos para a glória de Deus.
O fruto do Espírito (Gálatas 5:22,23) nunca foi tão testado em mim quanto no último ano frenético e monótono, em casa, cuidado do meu filho em seu primeiro ano de vida. O significado dos princípios cristãos: renúncia, altruísmo, empatia... nunca haviam sido tão palpáveis antes.
É também no cotidiano que aprendemos que precisamos e dependemos do Senhor e do seu Espírito atuando em nós para tudo. Não somente para orar, profetizar, ministrar, pregar, ensinar, mas também para as coisas rotineiras e ordinárias da vida.
Eu dependo da fidelidade e do domínio próprio vindos do Espírito Santo para contar até 10, 20, 30 e quanto mais for necessário, e me manter fiel aos princípios que norteiam minhas atitudes, mesmo quando eu só quero jogar tudo para cima.
Eu necessito de bondade e paciência que emanam do Espírito para acolher meu filho em múltiplos despertares em meio a uma madrugada que estou exausta e com muito sono.
Eu careço tanto da amabilidade e mansidão dele para falar e tratar em amor as pessoas ao meu redor quando tudo que há em mim é estresse acumulado.
Eu preciso dele para conseguir me alegrar nas coisas repetitivas e simples. Eu sou necessitada da Sua paz!
“Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade”. (Hebreus 4:16).
Essa graça me está sempre disponível e eu a encontro sempre que a procuro, sempre que a necessito, quer para um milagre, quer para um desafio do meu dia comum. Eu sempre posso contar com ela! Você também.
Pedro, escreve para nós, que partilhamos da mesma fé em Cristo, um lembrete importante de estar ao alcance dos nossos olhos enquanto vivemos o nosso dia, e é também com ele que eu gostaria de finalizar este texto:
“Seu divino poder nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude.” (2ª Pedro 1:3).
De todas as coisas que necessitamos para a vida, em Cristo encontramos tudo!
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