Nossa identidade está em quem Deus diz que somos.
"Este foi o nome que ela deu ao Senhor, que lhe havia falado: ‘Tu és o Deus que me vê’, pois dissera: ‘Teria eu visto Aquele que me vê?’.” Gênesis 16.13
A história de Agar começa em Gênesis 16, dentro da história de Abraão e Sara (já temos um estudo sobre Sara aqui no site) que haviam recebido a promessa de uma grande descendência, o que contrastava com o fato de que Sara era infértil e já tinha uma idade avançada. Agar, a serva de Sara, entra na história quando sua senhora sugere a Abraão que se deite com ela, para que ela tivesse um filho em seu lugar.
Não é fácil para nós, que vivemos em liberdade, compreender a situação dessa serva, que certo dia recebeu a notícia que se deitaria com o marido de sua senhora. Usar as servas como um ventre substituto infelizmente não era algo estranho nesse período, e a mesma situação aparece outra vez na história dos patriarcas com Raquel e Lia. É importante compreendermos que os filhos gerados pelas servas poderiam ser considerados filhos de suas Senhoras.
A gravidez de Agar fez com que ela passasse a agir com desprezo para com Sara, que por sua vez passa a maltratar Agar, que foge para o deserto. No deserto Agar é encontrada por Deus, que a chama pelo nome. Essa é a primeira vez na história que alguém se refere a Agar por seu próprio nome. Agar responde com honestidade sobre a sua fuga, e acata a ordem de Deus sobre retornar, mas também recebe uma promessa de que os seus descendentes se multiplicariam.
Algum tempo depois de retornar, quando tanto Agar quanto Sara já haviam dado à luz, mais uma vez a Bíblia nos mostra um conflito entre as duas mulheres. Esse conflito resulta na segunda vez em que Agar deixa Abraão e Sara em direção ao deserto, dessa vez despedida por seus senhores. Sem perspectiva de sobrevivência, mais uma vez o Senhor se encontra com Agar, abrindo os seus olhos e a fazendo enxergar uma fonte no deserto, que serve para saciar a sua sede e a de seu filho, dando-lhes nova esperança. (Gênesis 21)
Os ensinamentos de Agar
O encontro com Deus define a nossa identidade
Agar era identificada por ser uma escrava, propriedade de outras pessoas, não era vista ou reconhecida por ninguém, mas é encontrada e socorrida pelo próprio Deus. Enquanto todos a chamavam de serva, o Senhor é o único personagem da história que chama Agar pelo nome. É apenas quando encontramos com o Senhor que descobrimos a nossa verdadeira identidade.
Ao encontrarmos com Deus, recebemos força para viver e obedecer
Ao obedecer a uma difícil ordem de Deus, de retornar a Abraão e Sara, Agar nos ensina a receber força de Deus. Quando nos encontramos com Deus, recebemos força para ultrapassar os nossos desejos, como foi o caso de Agar que voltou para o lugar de onde havia fugido. Precisamos recordar que Deus vê nossos dias, lutas e dificuldades, e não nos deixa sós.
O que muda a nossa vida é o Senhor
O que mudou a vida de Agar não foi ter engravidado, mas sim a proteção e o cuidado de Deus que ela recebeu através da sua obediência. Muitas vezes tentamos mudar a nossa vida e identidade através de nós mesmas (lembre-se de Sara, que tentou mudar a sua situação de infertilidade através do ventre de Agar e não através da confiança no Senhor), mas o que realmente muda a nossa vida é a mão bondosa do Senhor, que faz surgir fontes no deserto.
Ao lado do poço, Agar não era definida por ser serva, mas por ser alguém encontrada pelo Senhor. Eu não sei qual é o seu deserto, mas eu sei que quando estamos nele existe um Deus que nos vê e tem poder suficiente não apenas para fazer brotar águas em meio à sequidão, mas também para nos dar nova vida e restaurar a nossa identidade Nele. Creia, obedeça e confie!
Autoria: Danielli Cadore
Revisão: Rafael Loureiro
Referências base:
BÍBLIA DE ESTUDO DA FÉ REFORMADA. Tradução de João Ferreira de Almeida – Edição Revista e Atualizada. São Paulo: Editora Fiel, 2021.
WALTON, John. Comentário histórico e cultural da Bíblia: Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2018.
Comments