O relacionamento familiar revela como está o relacionamento com Deus
"Então o levita, marido da mulher assassinada, disse: ‘Eu e a minha concubina chegamos a Gibeá de Benjamim para passar a noite. Durante a noite os homens de Gibeá vieram para atacar-me e cercaram a casa, com a intenção de matar-me. Então violentaram minha concubina, e ela morreu’.” Juízes 20.4-5
A personagem do estudo de hoje aparece no final do livro de Juízes, tendo sua história contada no capítulo 19, mas com consequências que vão até o final do livro, no capítulo 21. Essa história acontece em um momento em que o povo estava extremamente afastado do Senhor, vivendo de acordo com as suas próprias vontades e regras. Nessa história, um levita tomou para si uma concubina e, após um episódio de infidelidade, ela voltou para a casa de seu pai. Não é possível saber exatamente qual foi o episódio de infidelidade, sendo que o próprio fato de ela ter o deixado e voltado a casa de seu pai poderia ser considerado infidelidade.
Após quatro meses, o levita foi atrás dela com o intuito de convencê-la a voltar, e depois de alguns dias na casa de seu sogro, eles partiram de volta para a sua cidade. No caminho, eles pararam na cidade de Gibeá, onde foram hospedados por um homem idoso, que os recomendou não ficar na praça. Quando estavam na casa, alguns homens da cidade a cercaram, exigindo que o anfitrião levasse o levita para fora, para que assim tivessem relações com ele. O homem idoso rejeitou a investida, mas ofereceu sua filha e a concubina do levita, oferta que os homens ignoraram. O levita então mandou sua concubina para fora, e os homens da cidade a violentaram a noite toda.
Ao amanhecer, a mulher voltou para a casa do senhor idoso e caiu diante da porta. Quando o levita levantou pela manhã encontrou sua concubina caída na entrada da casa, situação em que ela não o respondeu quando ele ordenou que ela se levantasse, o que possivelmente indica que ela já estava morta nesse momento. O levita a colocou em cima de seu jumento e rumou em direção à sua casa. Ao chegar, cortou o corpo da concubina em doze partes e enviou a todas as regiões de Israel a fim de evidenciar a maldade de Gibeá.
Os ensinamentos da concubina do levita.
Quando Deus não é rei, cada um faz o que quer
Essa é uma história que mostra muito bem que quando Deus não é reverenciado como rei, a depravação é presente e as pessoas começam a se dar o direito de viver como elas querem e fazer aquilo que elas querem. Quando o Senhor não é rei, o pecado reina. O pecado tem muitas consequências diretas e indiretas, mas a principal consequência é que o pecado conduz à morte. Devemos estar atentos para que a nossa maneira de viver não esteja sendo coerente com os padrões mundanos, onde o pecado reina.
A decadência moral de uma sociedade reflete na família
As famílias e as relações familiares são uma ótima representação da forma como a sociedade vive. Perceba que nessa história o levita, que deveria servir ao templo e a Deus, opta por não se casar, mas por tomar uma concubina, satisfazendo seus desejos sem se preocupar se isso agradava ao Senhor. Quanto mais nos afastamos de Deus, mais dificuldades nós teremos em nos relacionarmos com as pessoas da forma desejada por Ele.
Uma mulher que não tinha voz
Ao observar a narrativa com atenção, percebemos que em nenhum momento a concubina fala. A única ação livre dessa mulher foi afastar-se do levita e ir até a casa do seu pai. Isso deve abrir os nossos olhos para muitas mulheres que vivem hoje sendo silenciadas. Muitas mulheres em nossa sociedade vivem sem voz, até mesmo dentro da igreja e de seus relacionamentos. Não podemos nos calar diante disso. Não podemos normalizar mulheres que sofrem em silêncio.
Essa história é uma evidência da depravação em que o mundo pecaminoso vive, e é uma depravação tão profunda que não conseguimos encontrar nada de bom na história. Mas, na história dessa concubina, podemos aprender que os relacionamentos familiares refletem a forma como nos relacionamos com Deus.
Referências base:
BÍBLIA DE ESTUDO DA FÉ REFORMADA. Tradução de João Ferreira de Almeida – Edição Revista e Atualizada. São Paulo: Editora Fiel, 2021.
WALTON, John. Comentário histórico e cultural da Bíblia: Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2018.
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