"Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida." (Provérbios 4:23)
Ninguém quer ser o invejoso da história, ou o invejado, embora seja um lugar mais confortável, também não é muito fácil. Mas, a inveja passa pelo coração humano e, quando começa a fazer morada, pode adoecer gravemente quem a alimenta.
Existem pragas que são mais fáceis de serem combatidas, seja porque os meios de vencê-las são mais conhecidos, ou por termos mais recursos disponíveis para extingui-las, ou, ainda, por demandar pouco tempo de trabalho. Outras exigem mais esforço, recursos e tempo para que cheguem ao fim (profissionais que lidam diretamente com elas podem explicar melhor). Mas, se compararmos a inveja à uma praga em meio a uma plantação, ela estaria entre aquelas que, quando se alastram, fazem grandes estragos.
"O coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos." (Provérbios 14.30)
Como podemos prevenir que o jardim que existe em nosso coração, nosso lugar secreto, lugar de intimidade com o Senhor, não seja adoecido pela presença da inveja?
Estamos sujeitas às mesmas fraquezas e às mesmas responsabilidades com o nosso coração. Ninguém pode "atirar a primeira pedra", mas precisamos lembrar que somos as responsáveis por cuidar do jardim que existe em nosso interior. (Ct 4.12)
O nosso coração não é como um jardim que precisa de cuidados apenas semanais ou mensais. É um local que precisamos cuidar diariamente. Cuidar dele exige esforço, comprometimento, atenção e amor próprio.
No entanto, sozinhas é impossível termos acesso aos lugares mais profundos em nosso interior. O Espírito Santo é aquele que sonda cada memória, cada sentimento, cada rachadura em nossa história, cada semente que foi jogada em nós. (Sl 139.1)
Precisamos assumir a responsabilidade que nos foi dada de guardar o nosso coração e reconhecermos que, para isso, necessitamos da ajuda do Espírito Santo.
Mas, apenas percebermos que estamos sentindo inveja e confessarmos esse sentimento ao Senhor, nem sempre é suficiente para que haja transformação em nosso olhar. Necessitamos encontrar as rachaduras, compreendermos as nossas carências, áreas em nossas vidas que foram ou que estão sendo negligenciadas por outros e por nós mesmas, entendermos as nossas insatisfações e períodos de privações que passamos. Precisamos pedir ao Senhor que nos ajude a compreendermos por que temos cobiçado o que é do outro, para que então possamos receber cura em lugares profundos em nós, referentes às nossas memórias, sentimentos e identidade.
Somos filhas amadas do Pai. E, antes mesmo de pedirmos algo a ele, ele conhece cada uma de nossas necessidades. Mas, na caminhada cristã, também passamos por privações.
"Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece." (Filipenses 4:12,13)
O apóstolo Paulo descobriu o segredo para viver contente em qualquer situação "tudo posso naquele que me fortalece". Naquele que o fortalecia, ele aprendeu que seu contentamento não estava ligado à fartura, à abundância nas mais diversas áreas de sua vida. Ele aprendeu que estar em Deus dava a ele a possibilidade de passar por situações de escassez sempre que fosse preciso em sua caminhada e, ainda assim, manter-se contente em Deus. Isso significa que ele podia viver momentos de privações e alegrar-se com quem estava vivendo dias de abundância, porque ele encontrava contentamento no Senhor, confiava em Seu amor por ele, e nos propósitos que Deus tinha em sua vida.
Somos únicas. O amor que Deus tem por nós é incomparável. Você não é invejosa. A inveja não faz parte da sua identidade como filha de Deus. Por isso não permita que ela crie raízes em seu coração. Fomos chamadas para nos alegrarmos com os que se alegram, e chorarmos com os que choram. (Rm 12.15)
Por Bárbara dos Santos
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